quinta-feira, 9 de abril de 2009

Lembranças de um pequeno burguês

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E procuro agora a raiz
engenho do meu ser
mamãe me ensinava a ser feliz
querer, escolher, querer
apuros da ingenuidade

Papai mestre da infelicidade
ministrava o não-ser
insubmissa ordem do dever
tirou-me a passividade

Foi um crescer sofrido
mas não insosso
tempero ardido
rebelde bom-moço

Daquele idílio operário
tudo, tudo se desfez
até o mais ralo desse colorário
abandonou-me a crítica de vez

E cai o muro
o sonho tinha seu hemisfério escuro
o que resiste é estupidez
e essa vergonha de ser pequeno burguês

Um comentário:

  1. Cada dia que passa descubro mais e mais que o que nos ordena o caos é a arte, a música, a poesia, enfim o caos não pode ficar só nas mentes e mãos baldadas e predadoras da miséria humana. Paz e bem.

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