sábado, 11 de abril de 2009

Sonetos aos domingos

SONETO DO CORAÇÃO

Lá longe um tambor ecoa
toque de recolher
dá vontade, com o ouvido à toa
seguir esse tum-tum bater

Invoca essa cadência
a penetrar num turbilhão
toca o clamor da ausência
a marcha por um forão

som longínquo de quimeras
batidas do coração
ato contínuo nas veias, no peito em recessão.

Não falha este velho coração
Continua afora o compasso
Sem tempo, sem exasperação



SONETO DO TEMPO PERDIDO

Contenta da felicidade o pêndulo
nos extremos de corações opostos
nem tanto pela ausência de âmago
que pelos seus mais tacanhos pressupostos

Segue a tocar nos batentes
em freqüência atemporal
balouçando entre virtudes decentes
e o mais escorregadio lodaçal

No limite da felicidade a aventura
encerra o ato desce o pano
para na vida, à certa altura, omitir o profano.

Hora do badalo que produz o tempo
tempo entre os batentes de amor e ódio
vida refém desse tal relógio

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