sábado, 23 de maio de 2009

AO PORTAL

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Mais do que apenas ser:
crer ou não crer ?
emparedado entre fé e ceticismo
fiz do mais puro realismo
minha religião
e de curso um purismo
afeta-me como jargão

realismo representa
reconhecimento e superação
verdade como ela se apresenta
ou o que vem em substituição
em nova verdade se estabelece
nesse moto perpétuo
donde abandona e reconhece
realismo é perene e fátuo

Nesse viver orbital
atrás da verdade absoluta
Deus me aparece mortal
numa forma anacoluta
sempre que o alcanço retorno ao início

Ateísmo professa desperdício
sem Deus e ressureição
sem espírito e reencarnação
morte é mera descarga do ser
esperá-la é o supremo suplício
o indivíduo ao morrer
repassa sua herança
mas elimina o seu legado
escarra na bem-aventurança
do espírito que lhe foi dado
se não se leva o acúmulo
de apuro e aprimoramento moral
de que serve tudo num túmulo
se não há para atravessar nenhum portal ?

Fé no seu amplo pórtico
abriga imponderabilidades
que no espelho agnóstico
refletem vulnerabilidades
as mais fúteis
entretanto por mais inúteis
são um anteparo e conforto
para o impacto do nada
num corpo humano morto

Um comentário:

  1. A Fé é um presente dado mas para tê-lo é necessário o exercício de acreditar, de estar atento a tudo e principalmente aos milagres pessoais que nos acontecem dioturnamente. Concordo com seus últimos três versos e acrescento que na vida, também, é um conforto para todas as possibilidades, tombos e esbarrões que nos aparecem.

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